Dia Mundial da Educação: Quando Ensinar é um Ato de Liberdade
“A educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo.”-Paulo Freire
Julio Cezar Andrade
4/29/20253 min ler
Hoje, celebramos o Dia Mundial da Educação, data instituída há 19 anos em Dakar, no Senegal, durante um fórum que reuniu líderes de 164 países, incluindo o Brasil. O compromisso? Garantir até 2030 uma educação inclusiva, equitativa e de qualidade para todos. Mas, em um país onde milhões ainda lutam por alfabetização plena e acesso digno às salas de aula, o que significa essa data além de um marco simbólico?
Mas como transformar promessas em práticas? Inspirados por Paulo Freire, que via a educação como ferramenta de libertação, exploramos caminhos que unem políticas públicas, educação corporativa e andragogia (a ciência de educar adultos).
O Que Celebramos no Dia Mundial da Educação?
Em 28 de abril de 2000, líderes globais firmaram um pacto histórico: educação como direito humano fundamental. O objetivo era (e ainda é) romper ciclos de exclusão, combater o analfabetismo e construir sociedades justas. No Brasil, esse compromisso se materializa em políticas como o Plano Nacional de Educação (PNE) e a Política Nacional de Alfabetização (PNA), que buscam universalizar o acesso, melhorar a qualidade do ensino e erradicar o analfabetismo funcional.
Alfabetização: Entre Códigos e Consciência
A PNA prioriza componentes como instrução fônica e produção escrita, baseadas em evidências científicas. Mas Paulo Freire nos lembra que alfabetizar é mais que decifrar letras: é ler o mundo. Em Pedagogia do Oprimido, ele defende que a educação deve ser dialógica, conectada à realidade do aluno, estimulando crítica e autonomia.
Educação Que Liberta: 4 Ações para repensarmos educação
Freire criticava a educação bancária, onde o “saber” é depositado no aluno. Na educação corporativa, isso se traduz em palestras unidirecionais. Exemplo freireano: Crie programas de mentoria onde gestores e colaboradores aprendam mutuamente. Um jovem da equipe pode ensinar sobre cultura digital, enquanto um líder compartilha experiências em gestão de crises. Assim, o conhecimento flui horizontalmente, rompendo hierarquias rígidas.
A educação corporativa, quando alinhada aos princípios de Paulo Freire e da andragogia (ciência de educar adultos, proposta por Malcolm Knowles), não se limita a treinar habilidades técnicas. Ela pode ser um espaço de transformação crítica, onde colaboradores deixam de ser “capacitados” para se tornarem protagonistas de seu aprendizado. Confira exemplos práticos:
1 - Mentoria dialógica. Freire criticava a educação bancária, onde o “saber” é depositado no aluno. Na educação corporativa, isso se traduz em palestras unidirecionais. Exemplo freireano: Crie programas de mentoria onde gestores e colaboradores aprendam mutuamente. Um jovem da equipe pode ensinar sobre cultura digital, enquanto um líder compartilha experiências em gestão de crises. Assim, o conhecimento flui horizontalmente, rompendo hierarquias rígidas.
2 - Problem Based Learning (PBL) com temas reais. A andragogia defende que adultos aprendem melhor quando o conteúdo resolve problemas concretos. Exemplo prático: Em vez de cursos genéricos de “liderança”, proponha desafios reais da empresa: “Como reduzir o turnover na equipe X?”. Grupos multidisciplinares pesquisam, debatem e apresentam soluções, aplicando teoria à prática. Freire diria: “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para sua produção”.
3 - Plano de desenvolvimento individual (PDI) co-criado. Na andragogia, o adulto deve ser autônomo em seu aprendizado. Exemplo freireano: PDIs não devem ser impostos pela liderança. Em vez disso, gestores e colaboradores cocriam metas de desenvolvimento, considerando: Desejos pessoais e necessidades da empresa.
4 - Feedback como diálogo contínuo. Para Freire, o diálogo é a base da educação libertadora. Na cultura corporativa: Substitua avaliações anuais por feedbacks frequentes e bidirecionais. Pergunte: “O que a empresa pode fazer para apoiar seu crescimento?” “Como meu trabalho contribui para seus objetivos?”
Educação Não é Privilégio: É possibilitar todos a VOAREM
O Dia Mundial da Educação não celebra estatísticas. Celebra a ousadia de quem ensina crianças a ler em meio a violências, a coragem de profissionais que questionam culturas nas empresas, e a luta de comunidades que transformam escolas em espaços de esperança. Como disse Freire: “Ensinar exige risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação”. Seja na sala de aula, no home office ou nas periferias, a educação que liberta é aquela que nos faz desconfiar do “normal” e agir — porque, no fim, ser humano é ser incomodamente vivo.
“Ensinar exige reconhecer que a educação é um ato de coragem, um passo para a liberdade.”
— Paulo Freire
Referências:
Freire, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Paz e Terra, 1968.
Knowles, Malcolm. Andragogia: Aprendizagem de Adultos. Editora Campus, 1980.
Ministério da Educação (MEC). Dia Mundial da Educação. Acesso 28/04/2025. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/component/tags/tag/dia-mundial-da-educacao.
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